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10 de dezembro de 2013

García Lorca anunciando a Guerra Civil Espanhola


Resumo:
Federico García Lorca, um dos principais escritores espanhóis do século XX, ao longo de sua vida afastou-se gradualmente da ideia da arte pela arte e assumiu que sua  criação artística carregava forte crítica social. Lorca refletiu sobre seu momento histórico, sobre seu país e deu vida a escritos de caráter universal, agindo de maneira tão impactante que se tornou insuportável para os conservadores da época. Assim, o presente artigo recorre às obras dramáticas do escritor, em especial Yerma e A Casa de Bernarda Alba, para pensar o quão latente se fazia o conflito social que eclodiu na Guerra Civil Espanhola e que causou o assassinato do próprio García Lorca.

Palavras chave: García Lorca, Espanha, Guerra Civil Espanhola.


(Publicado originalmente na Revista Contemporânea)

Introdução

Em períodos históricos de formações sociais, em momentos de valorização coletiva e individual, ou em contextos de guerras e revoluções, o homem encontrou na arte uma maneira de manifestação, estética e inquietante, da vida e da política. São muitos os casos de artistas e obras que se relacionam a momentos históricos cruciais. O escritor Federico García Lorca (1898 – 1936) é um dos muitos exemplos de artista que usou a cruel beleza da arte para falar de sua sociedade e de sua época. Com sua obra, Lorca ultrapassou os limites de seu país, a Espanha, e conheceu o Novo Mundo — Estados Unidos, Cuba e América do Sul — em vivências das quais não saiu incólume. O escritor se impressionou com a beleza e o sofrimento vivido por diferentes povos e culturas, situações que, de alguma maneira, eram-lhe familiares.
O dramaturgo e poeta, por meio de sua obra, retratou sua multifacetária Espanha, católica e moura, hostil às mulheres e aos homossexuais, nacionalista e pré-franquista. A poesia e a arte dramática de Lorca, criadas em menos de duas décadas — de 1918, data de publicação do primeiro livro, até 1936, ano de sua morte — são um belo e cruel espelho da agressiva política do século XX. Mas o escritor não saiu imune. Lorca foi assassinado no primeiro mês da Guerra Civil Espanhola.
Certamente a direita espanhola estava incomodada há tempos com a postura subversiva, contestadora, atenta e inventiva de Lorca. O dionisíaco Federico foi um sujeito perigoso por não se calar diante de forças autoritárias, usando a arte para expressar sua visão da sociedade, da moral coletiva imposta ao individuo, da falta de liberdade que se espalhava pela Europa junto com o fascismo.
Observar algumas das obras de Lorca torna-se um interessante meio de pensar a Espanha que antecede a Guerra Civil Espanhola, os códigos sociais que permeavam a sociedade que de tão conflituosa não pode evitar o confronto fratricida.  Assim, no presente artigo será tratada a Espanha que antecede a guerra da Espanha em paralelo à obra de Lorca, especialmente sua arte dramática. O teatro de García Lorca torna mais explícita a crítica social do autor, e a seguir, duas de suas peças serão tratadas mais especificamente: A casa de Bernarda Alba e Yerma, pois ambas expõem de maneira contundente a falta de liberdade que uma sociedade, de valores patriarcais, impõe às mulheres.
A ausência de liberdade é certamente um dos temas mais importantes na obra de Lorca, e o escritor escolheu usar as mulheres para dar voz à crítica que fazia à sua sociedade e aos valores que tolhiam o próprio dramaturgo. Por meio de suas obras, Lorca expõe o conflito gerado no encontro dos instintos humanos, paixões e vontades com os valores e normas impostos pela sociedade aos indivíduos.

A Espanha de García Lorca

Ainda em vida, García Lorca gozou o êxito de sua arte dentro e fora da Espanha. Países como Inglaterra, França, EUA, Cuba, Argentina e México consumiam e aplaudiam as obras dramáticas e poéticas do escritor e, em alguns desses países, Lorca desfrutou desse reconhecimento pessoalmente. A fama de sua obra era a mostra do poder de suas palavras, de sua arte, e Federico teve consciência disso. Frente ao avanço dos totalitarismos na Europa, Lorca se posicionou a favor da liberdade e esteve ao lado daqueles que se encontravam à margem da sociedade da época. O escritor atuou em sua sociedade por meio de sua arte, influenciando em seu momento histórico e reverbera até os dias atuais.
Não se pode ignorar a sensibilidade de Lorca e sua percepção da sociedade. Essa capacidade do escritor de se solidarizar o aproximou de vários grupos marginalizados, como, por exemplo, os ciganos da Andaluzia ou os negros de Nova Iorque. Lorca, desde seu primeiro livro, adotou uma atitude crítica frente ao que o incomodava, seja este incômodo algo procedente de seus conflitos pessoais, seja uma imposição moral ou manifestações da injustiça social. Para o escritor, a ânsia de liberdade é imprescindível em todos os homens para que estes possam ser assim chamados (LORCA, 2008, v. VI, p. 382). Para Lorca, os homens que vivem subordinados, sem recusar a opressão, são homens mortos.
Em 1898, nasceu Federico García Lorca, mesmo ano do fim do império espanhol, e morreu no primeiro mês da Guerra Civil Espanhola, agosto de 1936, outro divisor de águas da história do país. A vida de García Lorca mais parece uma obra dramática, uma tragédia grega, inexorável nos fatores que convergem para o fim trágico tendo como fio condutor a história da Espanha. E nesta, Lorca esteve envolvido, de maneira incontestável, com a estrutura social e com os mecanismos de poder da Espanha do início do século. Prova disso foi a censura que algumas de suas obras sofreram durante a ditadura de Primo de Rivera e do general Franco, e a liberdade que Lorca experimentou nos primeiros anos da Segunda República.

A conflituosa Espanha

O historiador Ian Gibson (1998) indica que o desenvolvimento na Espanha, no início do XX, era desigual. O norte contava com pastos verdes e vastas criações de gado; no leste havia um dinâmico setor voltado às exportações, e tais atividades consolidaram, em ambas as regiões, uma classe de pequenos arrendatários e fazendeiros que não confiavam no Estado central. Já a região central do país era mais pobre, com um modelo agrário que fazia coexistirem grandes e pequenos camponeses proprietários de terra, enquanto o Sul da Espanha, até meados do século XX, era uma região marcada pelo grande vácuo econômico entre latifundiários e camponeses sem terra, além de estar territorialmente dividida entre a aristocracia e as ordens eclesiásticas. Em contraposição, uma economia capitalista moderna se desenvolveu em torno da indústria têxtil da Catalunha, das fábricas de ferro e aço do País Basco e dos interesses de exploração de minas das Astúrias. Explorados socialmente e negligenciados politicamente, proletariado e campesinato constituíam os grupos mais obviamente dissidentes. Com isso, uma tendência libertária floresceu no Sul e no Leste, enquanto o marxismo se tornava dominante no centro e no Norte.
Frente a tantas desigualdades sociais e econômicas, a Espanha se tornou um palco de sucessivas agitações populares, como nos indica Hugh Thomas (2004). Houve a “Semana Trágica de Barcelona” em 1909, e a deflagração da greve de transportes em Valência, em 1917, reprimida pela força militar de forma brutal. A partir de 1918, a rebelião irrompeu por todo o Sul agrário; e em 1919, uma greve geral em Barcelona durou 44 dias, deixando a cidade completamente paralisada. Os conflitos sociais se transformaram em verdadeiras lutas de classes depois que burguesia, grupos paramilitares e Exército selaram uma aliança sem que uma série de importantes governanter de Madri tomasse conhecimento. Em 1923, depois de tantos anos de agitação, a exaustão parecia estar por todos os lados e foi considerado o momento perfeito para um golpe de estado. O golpe militar contou com o consentimento do rei Alfonso XIII — que sabia de antemão o que estava sendo planejado —, dando início à ditadura de Primo de Rivera.
A ditadura de Primo de Rivera durou de 1923 a 1930, sendo substituída pela Segunda República. O ditador fez desaparecer partidos políticos e agiu com a opressão esperada desse tipo de regime, porém, a restauração da paz social, a crítica à corrupção do desacreditado regime anterior e uma bem-sucedida pacificação de Marrocos garantiram popularidade à ditadura por um tempo. Por outro lado, Primo de Rivera perseguiu a classe média e constantemente se envolvia em escândalos de ordem pessoal. E sem qualquer coerência ideológica ou fundações políticas sólidas, o regime logo começou a se desintegrar. Sem apoio, Primo de Rivera deixa o governo espanhol e a população foi convocada à votação que definiria o regime seguinte. E no início de 1930, apesar de todas as manobras dos setores direitistas, militares e monárquicos, na tarde de 14 de abril é votada pela população a Segunda República Espanhola.
Com a Segunda República houve uma tentativa de laicização na separação institucional entre a Igreja e o Estado, e não é de se estranhar que o Vaticano não tenha reconhecido de imediato a República. Porém, a situação socioeconômica não era favorável para o novo regime, o nível de desemprego na Galícia e Andaluzia havia aumentado no período posterior à Primeira Guerra Mundial, e a agitação popular não cessou com a chegada da República. Enquanto isso, alguns setores da sociedade formavam a “Confederação Espanhola de Direitas Autônomas” (Ceda), que também aproveitava a abertura do governo democrático para se organizar com a clara intenção de vencer o bloco republicano nas eleições seguintes, em 1933.
No plano internacional, o fascismo na Europa era um fato incontrolável, tanto pelo governo de Mussolini na Itália, mas principalmente a partir de janeiro de 1933, quando Hitler se tornou o chanceler da República de Weimar, na Alemanha. A imprensa espanhola seguiu atentamente os acontecimentos sob o governo de Hitler, e, “enquanto os jornais católicos aplaudiam, jornalistas republicanos e de esquerda contemplavam com ansiedade o crescimento do fascismo na Alemanha e não tinham ilusões sobre o que estava acontecendo nos bastidores em seu próprio país” (GIBSON, 1992, p. 52).
E com essa conjuntura nacional e internacional chegaram as eleições de 1933 na Espanha. O grupo de direita que despontou nas eleições foi a Ceda, e em novembro de 1933, deu-se início ao “biênio negro”. O biênio negro foi um período de governo de extrema-direita, mais autoritária e corporativista do que simplesmente monarquista. O novo governo inicia, imediatamente, a demolição das obras dos primeiros anos da República: condenados políticos por ações na época da ditadura de Primo de Rivera foram anistiados, os falangistas atacaram jornais, centrais socialistas, liberais e atiraram em universidades com a proteção das autoridades. O governo rediscutiu a separação entre a Igreja e o Estado e esta medida foi o início oficial da aliança entre a instituição religiosa e o Exército. Os ressentimentos políticos de tantos anos de desentendimento se intensificaram de forma irremediável, particularmente devido à prisão de dirigentes dos trabalhadores.
Em 1936, as esquerdas estavam horrorizadas pelo fascismo que avançava dentro e fora da Espanha; as direitas temiam o comunismo e supunham que, se não começassem a contrarrevolução, seriam esmagadas. A Espanha era um país conservador onde uma estrutura social estancada havia mantido em atraso a economia, enquanto a educação política avançada e a pressão da população impediam que o velho sistema pudesse seguir funcionando. Diante deste cenário, em fevereiro de 1936, houve novas eleições na Espanha. A vitória da esquerda foi inesperada, mais acima disso, a derrota da direita não foi suportada.
Muito rapidamente não havia duas Espanhas, a Republicana que havia ganhado as eleições, e a nacionalista que organizava o golpe, mas sim mil Espanhas. No entardecer do dia 18 de julho, sublevaram-se algumas guarnições pelo país, apoiadas pela Falange[1] e, na maioria dos casos, pela guarda civil. Nos lugares onde não havia guarnições, a guarda civil, a Falange e as próprias pessoas de direita atuaram por si mesmas e o dirigente designado pelos rebeldes declarava estado de guerra. As milícias socialistas, comunistas e anarquistas tentavam resistir ao assalto de poder, enquanto os governadores civis vacilavam em seus escritórios e tentavam se comunicar com Madri.
Cessou de existir um poder soberano e, em sua ausência, indivíduos e cidades agiam segundo suas vontades e possibilidade, como se estivessem fora da sociedade e da história. Prisões e fuzilamentos aconteciam à noite, e na manhã seguinte se encontravam os cadáveres pelos cantos e ruas das cidades tomadas. Os corpos sem vida eram expostos para contemplação pública, e era proibido guardar luto pelos fuzilados. A justificativa legal para todas essas execuções sumárias se buscou no estado de guerra que havia sido proclamado. Os militares sublevados consideravam que a República era “o rebelde” e que os nacionalistas representavam o poder legítimo.
Ainda que alguns estudiosos expliquem a Guerra Civil como uma consequência da Primeira Guerra Mundial e uma prévia do que seria a Segunda Guerra Mundial, José Carlos Meihy em seu artigo “Guerra Civil Espanhola: um ‘entreguerras’?” coloca que o conflito espanhol foi, principalmente, um conflito local, uma tentativa de resolver, por meios militares, um grande número de questões sociais e políticas que estiveram presentes entre os espanhóis por várias gerações. Essa guerra está profundamente enraizada na história do país, no fanatismo religioso, em grande parte inspirado na legendária Reconquista e nos 800 anos de lutas para expulsar os mouros da península, no confronto entre o centralismo estatal e os nacionalismos periféricos e nas guerras civis do século XIX. Mais modernamente, temas como reforma agrária, centralismo versus autonomia regional e papel da Igreja Católica e das Forças Armadas foram agregando elementos que fizeram eclodir a guerra.
Assim, desde o início do século XX, Guerra Civil era uma situação latente que só esperava o momento oportuno para eclodir. Não foi simplesmente a influência de elementos externos à Espanha, um conflito ideológico internacional, que se expressou no âmbito interno, mas sim um amontoado de questões daquele país, daquele povo, de sua cultura e história que foi aproveitado pelas relações europeias potencializando a eclosão da Guerra Civil Espanhola.

Encontro entre vida e arte

De distintas maneiras Lorca se posicionou a favor da liberdade individual e de uma sociedade espanhola que levasse a educação e a arte para todos os cantos do país. Mas foi por meio de sua arte que Lorca encontrou um lugar possível de resistência e de mudança social, e uma das características fundamentais da obra lorquiana é o fato de alguns pontos da vida do escritor terem influenciado sua criação artística. E em cenários de relações conflituosas, Lorca muitas vezes se posicionou ao lado daqueles que eram massacrados pelo poder e ordem vigentes.
Desde seu primeiro livro, Impresiones y Paisajes (1918), escrito quando o poeta tinha 20 anos, já era possível notar uma das mais fortes características de sua obra: havia algo a ser dito sobre a sociedade espanhola, sociedade essa que Lorca fez questão de conhecer de perto. Em Romancero Gitano, o poeta expõe a violência da guarda civil contra os ciganos, primeiro símbolo usado pelo autor para tratar daqueles que tinham sua liberdade cerceada por valores sociais, chegando ao embate físico. Já em Poeta em Nova York, em muitos poemas o escritor se coloca solidário aos negros, vítimas do racismo estadunidense, enquanto em Sonetos del amor Oscuro são os homossexuais que ganham, mais claramente, espaço na obra de Lorca.
Já em suas obras dramáticas, o escritor privilegia a mulher como eixo central. A primeira delas é Mariana Pineda (1923), peça escrita no primeiro ano da ditadura de Primo de Rivera que leva à cena a protagonista homônima, sua ânsia republicana e a repressão sofrida por Mariana. Depois de Mariana Pineda, Lorca usou a mulher para questionar a velha moral social e a política opressora em diversas obras de teatro, como em Doña Rosita, la Soltera ou La Zapatera Prodigiosa. As protagonistas lorquianas se unem aos ciganos, negros e homossexuais das obras poéticas por estarem circundadas por papeis sociais marcados pela obediência, imposição da submissão, silêncio e falta de liberdade, vivendo sob a vigília constante dos olhos da sociedade. Frente à uma obra tão carregada de crítica social, não é de se estranhar que grande parte da obra de Lorca tenha sido censurada durante a ditadura do General Franco.
Das obras dramáticas de Lorca, três contam com maior êxito mundialmente, a trilogia rural, que assim é conhecida por ser um conjunto de peças que se passam no meio rural, no qual nasceu o poeta, ao sul da Espanha, na província da Andaluzia. Tal trilogia lorquiana é composta pelas peças Bodas de Sangue (1928), Yerma (1934) e A casa de Bernarda Alba (1936), e são essas algumas das últimas obras escritas antes do fuzilamento do escritor.
Lorca entende o teatro como arte fundamental para educar a população, expressando o caráter social de sua arte. O teatro é, em si, uma arte social e é visto por alguns artistas e pesquisadores como tal especialmente quando trata de realidades dramáticas nas quais estão retratados grupos humanos. O teatro foi o veículo usado por Lorca para se expressar de maneira contundente e é a parte mais politizada de sua obra, no sentido em que fala diretamente da e para a sociedade.
No início do século XX, o teatro que se fazia na Espanha nos anos que precederam a República era pobre ou, como dizia Lorca, ‘putrefato’[2]. Este teatro procurava atender os desejos do espectador e fazê-lo passar horas agradáveis, sem necessidade de reflexão; o teatro que se fazia na Espanha era de baixa qualidade e se reconhecia a necessidade de melhora do teatro nacional. Em meio a esta situação chegou o governo da Segunda República, e o tema da renovação do teatro espanhol, junto com o ensino, ganhou primeiro plano. Segundo Calzada (1998), o teatro espanhol da época contava com alguns autores renomados e companhias nas quais figurava algum jovem galã, ou dama, ao redor dos quais se polarizava o mérito do triunfo das companhias. “Não havia autores dramáticos relevantes nem se faziam traduções de escritores teatrais que pudessem ser relevantes” (CALZADA, 1998, p. 47). Pode-se falar, porém, de alguns espíritos renovadores, como Jardiel Poncela, Eduardo Ugarte, López Rubio, Claudio de la Torre, Eduardo Marquina e Ramón el Valle-Inclán. E entre eles estava Garcái Lorca.
Lorca nunca esteve comprometido oficialmente com nenhum grupo ou partido político, não participou da política no sentido institucional, mas isso não implica em absoluto dizer que o escritor não tivesse posicionamento e ideias próprias com relação às situações político-sociais de seu tempo. Não se comprometer politicamente, ao contrário de ser uma postura apolítica, manteve Lorca como um artista resistente, aquele que se mantém atento à sociedade por não estar comprometido com suas instituições. Assim, a arte de García Lorca pode ser considerada como uma manifestação sociopolítica, pois atua de maneira crítica. Por meio de suas obras, Lorca resiste às amarras sociais da Espanha de sua época, levantando questionamentos e agindo politicamente no momento em que aponta intencionalidades voltadas a processos de transformação interna e externa aos sujeitos.   
Lorca levou à cena temas clássicos, que possuem grande abrangência, tratados com tonalidades hispânicas. As terras áridas do sul da Espanha ambientam suas tramas com o que ele absorveu em diversas partes do território espanhol em suas viagens com o La Barraca — o grupo de teatro mambembe, dirigido pelo próprio Lorca, cujo projeto era levar os clássicos do teatro espanhol para regiões carentes de arte. O trabalho com o La Barraca, ao longo de cinco anos, fez com que o escritor viajasse pelos vilarejos mais afastados da Espanha, conhecesse as mais distintas realidades da população do seu país e as marcas desse contato do escritor ficaram explícitas em sua obra, principalmente na trilogia rural. Por meio de suas peças, o dramaturgo levou ao palco a Espanha de sua época: à beira da Guerra Civil. O que se nota é um país cada vez mais fechado em seu espaço interno, cheio de conflitos gerados pelo encontro de vontades que não se suportavam. Do encontro dos ideais republicanos, socialistas, comunistas e anarquistas — presentes em diversas partes do país — com os nacionalistas, representados pelo Exército, Igreja e setores monarquistas da Espanha — representantes da antiga ordem social que ansiava por se manter no poder — eclodiria na Guerra Civil Espanhola e, pela obra de Lorca, é possível notar o quão latente estava este conflito.
A seguir serão apresentadas breves interpretações de duas peças que compõem a trilogia rural lorquiana: Yerma e A casa de Bernarda Alba. Tais obras foram escolhidas tendo em vista seu conteúdo e crítica feita por Lorca às relações sociais da Espanha que precedia a Guerra Civil. A escolha de Yerma se deu pela repercussão de sua estreia, mostrando o impacto da obra. Já A casa de Bernarda Alba será tratada por ser a peça na qual o escritor tratou explicitamente seus temas principais — a ausência de liberdade, a paixão descontrolada, as imposições morais e religiosas.

Yerma e Bernarda Alba

Yerma é uma peça sobre uma esposa fiel que coloca sua realização no casamento e na maternidade. Yerma é uma jovem casada e ao longo do tempo a protagonista não consegue engravidar, e na não realização da maternidade reside seu conflito. Yerma se vê presa a um casamento infértil, e passa a buscar meios de engravidar, enquanto a sociedade busca o culpado pelo matrimônio estéril. Em seu conflito, Yerma desafia sua sociedade e as ordens de seu marido, aumentando a vigília e repressão sobre si. O que se inicia como desconsolo torna-se fúria, e Yerma mata o marido.
Há elementos em Yerma, assim como em Bodas de Sangue, que sugerem que tais obras tratam de sociedades arcaicas, patriarcais, de valores e normas rígidos nos quais os códigos sociais importam mais que as aptidões do indivíduo. A tensão entre sociedade e indivíduo já havia sido tratada em alguns poemas de Lorca, mas em suas peças o escritor deixa mais evidente sua postura crítica e mais explícitas as ideias sobre as quais ele queria fazer refletir[3]. Johnston analisa que “a intenção última do poeta espanhol seguia sendo muito mais radical: a desconstrução de uma civilização e a redefinição do direito individual de ser, não por meio da linguagem da ética ou da lei, mas sim em termos de um imperativo natural” (JOHNSTON, 2004, p. 62), e essa intenção torna-se clara em suas peças de teatro, especialmente em Yerma e A Casa de Bernarda Alba. Em ambas as obras, o dramaturgo mostra a existência de uma sociedade arcaica em meio ao mundo contemporâneo.
Notando o perigo da expansão do fascismo na Espanha, Lorca colocou em sua peça situações de cerceamento de liberdade e medidas repressivas que antecedem a infração. A ordem social não pode correr riscos, e assim, os indivíduos e seus desejos devem ser vigiados e controlados. A partir do momento histórico, pode-se entender Yerma como mais do que uma peça sobre uma mulher estéril, mas uma obra que discute a falta de liberdade, a repressão dos instintos e desejos, o peso da sociedade e da moral católica. Quando Lorca estreou Yerma, em 1934, a Espanha estava em meio ao “Biênio Negro” (1934 – 1936), período de forte e violenta repressão exercida pelo Exército e setores de direita da sociedade espanhola. Tendo em vista o tema da obra e por se tratar de um escritor cuja fama aumentava progressivamente pela Espanha e pelo exterior, certamente o pensamento conservador da época percebeu que Yerma poderia polarizar ainda mais o jogo de forças políticas espanholas.
Apesar da alta popularidade e aceitação das quais Lorca gozava por suas obras poéticas, Yerma não teve a acolhida triunfal de seus poemas nem a recepção sem restrições de Bodas de Sangue. Ao contrário, a imprensa de direita se colocou furiosamente contra a estreia da obra, em 29 de dezembro de 1934, com ataques violentos à obra e ao autor. O conteúdo da peça fez com que sua estreia fosse muito tumultuada, falangistas interrompiam os atores gritando que se tratava de uma obra “imoral e antiespanhola” (GIBSON, 2007, p. 42). “Os ensaios foram realizados em momentos de extrema tensão em todo o país [...] e elementos ultradireitistas, inteirados do conteúdo explosivo de Yerma, esperavam a estreia para causar um alvoroço” (GIBSON, 1987, TII, p. 333).
O historiador Ian Gibson coloca, em sua biografia sobre Lorca, ser inevitável que a estreia de Yerma tivesse conotações políticas e que, tanto os elementos dos setores da direita espanhola quanto elementos da esquerda, usassem a plateia como “campo de batalha” tendo a obra como justificativa de ambos os lados para o confronto. Pelo fato de exacerbar discursos e ânimos políticos, pode-se afirmar que Yerma se dirigia à sua sociedade e que Lorca era visto como um agente político na medida em que suas obras desestabilizaram a ordem vigente. Yerma gerou reações de muitos setores da sociedade e colocou o nome de seu autor na lista dos inimigos da Espanha nacionalista e católica, como eram considerados os grupos de esquerda pelos nacionalistas e direitistas daquela época.
As matérias e comentários publicados em jornais espanhóis no momento da estreia de Yerma nos dão pistas da percepção da sociedade espanhola com relação ao caráter político e subversivo da obra de Lorca. Eutímio Martín, em seu artigo “Yerma o la imperfecta casada”, nos chama atenção para o fato de que “a estreia de Yerma [...] suscitou uma reação de feroz violência na imprensa direitista que o conteúdo da obra escassamente justifica” (MARTÍN, 1985, p. 93). E o articulista completa a defesa de Yerma na comparação com a peça Bodas de Sangue: “Bodas de sangue, estreada um ano antes, não produziu sequer o mesmo efeito e, entretanto, seu conteúdo era francamente explosivo” (MARTÍN, 1985, p. 95). O diplomata chileno Carlos Morla Lynch, que viveu em Madri durante a Segunda República e a Guerra Civil Espanhola, contou que o alvoroço na plateia, causado pelos representantes da direita espanhola, foi tamanho que gerou protestos daqueles que estavam de acordo com os ideais republicanos. Tal situação obrigou os atores a interromperem a peça. A apresentação foi retomada só depois da entrada da força pública, que expulsou aqueles que importunavam a estreia. (apud GIBSON, 1987, t. II, p. 335).
Os dias que se seguiram à estreia foram cheios de comentários, as Espanhas divergiam sobre a peça e os jornais da época retrataram o fato. Tanto os periódicos de direita, quanto os de esquerda, não ignoraram o impacto de Yerma e ressaltaram, com suas notícias e comentários, a importância cada vez maior da arte propagandista e que foi uma das armas de ambos os bandos antes e durante a Guerra Civil. Houve protestos contra “a odiosidade da obra”, sua “imoralidade” e suas “blasfêmias”[4], críticas que afirmaram que “a comédia é francamente ruim” e que “alguns espectadores sentiram afetados seu bom gosto e exteriorizaram seu protesto”[5]. Contra Lorca, diretamente, foi dito que o autor “desvirtua toda crença quando paganiza a força de uma convicção hispana, que induz a preces a Deus e que acarreta funestas consequências terrenas”[6].
Os noticiários de direita sinalizam claramente que a obra de Lorca causou muito ruído e sublinham os elementos contidos na obra que deveriam ser combatidos tanto na arte quanto na vida dos indivíduos. Já os jornais de esquerda se posicionaram a favor da obra, divulgando notas elogiosas àqueles que, mesmo que indiretamente, usavam sua arte como agente político. Dentre o que foi publicado pela imprensa esquerdista, uma notícia merece destaque, não por ser favorável à obra, mas pela leitura que fez dela: “esta obra de saudável realismo, de linda simplicidade, sinceridade e de revaloração de nobres funções do corpo humano, representa um passo decisivo para nossa liberação do atraso medieval que segue nos oprimindo"[7]. O relato do jornal expressa os elementos mais atraentes — e perigosos! — da peça, e em poucas palavras expõe o choque entre a busca de uma nova Espanha, que quer sair do “atraso medieval”.
Outra obra dramática de Lorca cujo texto é relacionado com a situação histórica da Espanha pré-franquismo é A Casa de Bernarda Alba. Após a morte do marido, Bernarda Alba assume de forma autoritária o comando da casa e, consequentemente, o destino de quem vive sob seu teto. Bernarda, de personalidade extremamente repressora, apresenta-se como um general, e faz de sua casa uma prisão na qual mantém suas cinco filhas solteiras e sua mãe que está louca. Assim, a matriarca cria um sistema no qual os valores individuais são abruptamente substituídos por rígidas leis, incompatíveis com as vontades das outras personagens, gerando reações e conduzindo a peça para um desfecho trágico. Temas como repressão, castigo, sexualidade reprimida, autoridade e desobediências, presentes em A casa de Bernarda Alba, fazem da peça um importante exemplo da arte crítica de García Lorca.
O manuscrito de A casa de Bernarda Alba foi finalizado em 19 de junho de 1936[8], dois meses antes da possível[9] data da morte de García Lorca que não chegou a ver a peça montada. Bernarda Alba foi encenada pela primeira vez em março de 1945, em Buenos Aires. Na Espanha, a montagem da peça foi proibida pela censura franquista até 1964, quando foi encenada pela primeira, mas ainda assim com pequeno número de apresentações[10]. Tal censura é um indício de que A casa de Bernarda Alba, ou o drama das mulheres dos povos da Espanha, assim como Yerma e Bodas de Sangue, faz crítica à sociedade espanhola, abarcando o drama de mulheres em várias aldeias do país, como denota o subtítulo da obra. Toda a peça acontece no interior da casa de Bernarda Alba, a matriarca de 60 anos que se coloca não só como a dona da casa, mas também como dona da vida, anseios de todas as pessoas que nela habitam.
As personagens, no início da obra, são condenadas a um luto de oito anos, por causa da morte do marido de Bernarda Alba, e ao longo deste período as personagens não podem sair para o mundo, nem o mundo pode ter acesso ao espaço interno da casa. As filhas e a mãe de Bernarda vivem como prisioneiras em um cárcere, tendo contato com o mundo externo apenas através de frestas de janelas, mas sempre submetidas à vigilância “canina” da matriarca. A identificação simbólica da casa com o cárcere pode ser vista como uma referência também à Espanha às vésperas da guerra civil que assassinou Lorca e que deu início à ditadura do General Franco.
A personalidade que o dramaturgo confere à Bernarda não apenas determina todas as ações da peça, como também traz em si uma forte carga de símbolos sociais que certamente são os alvos da crítica do poeta. A casa em nada se parece com um lar, oscilando entre uma prisão e um convento, e Bernarda se comporta como um general. Em eterna vigilância, Bernarda tem profunda obsessão pela honra e pela imagem que ela quer que seja expressão de sua família. Para que nada saia de seu controle, a matriarca assume postura autoritária, bruta e com neurótico controle sobre os corpos de suas filhas e de sua mãe para não pôr em risco a castidade e a moralidade de seu rebanho feminino.
Bernarda faz de sua casa um misto de convento e cárcere e, nessa quase transposição, no âmbito privado, o que se encontra é a fiel reprodução das instituições espanholas mais opressoras, como a Igreja Católica. O teatro lorquiano tem como alvo preferencial o maior inimigo das liberdades individuais: as instituições. Assim, o dramaturgo cria a casa de Bernarda no exagero da falta de liberdade e da opressão, reproduzindo o discurso e a moral da sociedade e do controle institucional que, na década de 1930 na Espanha, encontrava uma oposição tão forte quanto a imposição das normas. Mas é importante observar a importância do núcleo familiar no processo de aniquilação dos indivíduos, constituindo-se como uma poderosa instituição que reitera o sistema sociopolítico autoritário e repressor; e na cooperação entre o âmbito público e privado, não há maneira pacífica de escapar do domínio fascista, tanto na ficção de Lorca, quanto na Espanha na qual viveu o poeta.
Assim como em Yerma, em A casa de Bernarda Alba o escritor coloca críticas à sociedade e seus padrões cristalizados. São nítidas as críticas que o autor leva à cena: ao despotismo que vigorava no Biênio Negro, aos ares inquisidores que saíam das igrejas inundando todo o país e que resultaram na “última cruzada” — maneira pela qual a Igreja Católica da Espanha se referia à Guerra Civil Espanhola —, e principalmente à supressão das liberdades individuais, tema principal da obra de Lorca.
Lorca faz de A casa de Bernarda Alba a obra dramática que, de maneira mais clara, refere-se à realidade da Espanha dividida em muitas e as falas agressivas de Bernarda referem-se ao clima de violência e repressão pairava pelo país. Carlos Morla Lynch considera Bernarda Alba uma obra na qual há “uma imagem austera e tétrica da dramática Castela, em um tom uniforme, que não varia” (LYNCH, 1958, p. 439), graças à forte presença de características sociais dos vilarejos da Espanha, além da clara alusão que o próprio Lorca coloca no subtítulo da peça[11]. Porém, não é apenas aos vilarejos espanhóis que Federico faz referência em sua última obra, e Bernarda Alba, na verdade, reflete a Espanha sob a ameaça do franquismo.
De maneira análoga ao que ocorre em A casa de Bernarda Alba, a sociedade espanhola, desde o final do século XIX, mostrava que estava muito próxima de um conflito. E assim como na peça, o embate vem à tona e a Espanha vivenciou três anos de guerra civil que, ao final, leva o país a silenciar os indivíduos graças à instauração da ditadura franquista. O poder político que o Estado e a Igreja demandam na Espanha, retratado de maneira muito próxima ao real, dá a Bernarda a credencial necessária para reproduzir em âmbito privado o despotismo observado no âmbito público.
A Espanha da década de 1930 era um país majoritariamente rural, com grande parte da população ativa na agricultura. Nessa situação, a elite da sociedade espanhola se encontrava fortemente temerosa de uma possível reforma agrária defendida pela Frente Popular[12]. Tal temor foi importante para que o setor mais conservador da sociedade se decidisse a apoiar o exército nacionalista, ao mesmo tempo em que a Reforma Agrária era um dos elementos determinantes para o apoio da burguesia ao exército republicano. Lorca não ficou indiferente a tal situação social e econômica da Espanha, e Gibson comenta sobre a personagem Bernarda Alba

não pode ser por acaso que, no momento em que a guerra civil está no ar, Lorca leve à cena o tema da mulher despótica, com traços de inquisidora, profundamente hipócrita, cuja única razão de ser descansa na supressão — em nome de um falso e ultrapassado conceito de honra, baseado mais que nada no medo do que dirão — das liberdades pessoais, assim como na dogmática imposição da mentira, da “versão oficial”, frente às verdades (GIBSON, 1987, p. 442).

Em A casa de Bernarda Alba, a crítica de Lorca é apresentada de maneira mais explícita, mas não há relação entre a obra do escritor, sua sociedade e seu momento histórico apenas em sua última peça, mas em muitos de seus escritos e especialmente em sua trilogia rural. Lorca captou o espírito do sul da Espanha expresso na mentalidade arcaica da população, nos longos lutos que se cumpriam na época, os olhos espiando a rua por trás das janelas, forte curiosidade e sede de inquisição com relação a vida alheia, o sentimento de superioridade baseado em valores passados e estratificação social. Tanto em A casa de Bernarda Alba, quanto em Yerma e em Bodas de Sangue há a curiosidade e o julgamento da sociedade, a força da moral e dos costumes que se impõem à vontade do indivíduo, o controle dos vizinhos, da família e a obrigatoriedade do casamento. Lorca não chegou a ver sua última obra encenada, mas pela reação que Yerma provocou no público espanhol já se pode imaginar o que as vozes mais conservadoras gritariam ao ver nos palcos mulheres ardendo de desejo tanto quanto os solos quentes da Andaluzia no verão. Mas a Guerra Civil Espanhola eclodiu antes, e com ela, a violência tomou lugar dos gritos da direita na plateia dos teatros e respondeu ao próprio corpo de Lorca.
“Putrefatos”. Era esse o termo usado por Lorca, junto com Dalí e Buñuel, referindo-se à putrefação moral e espiritual da sociedade espanhola. O poeta, ao longo de sua obra, fez críticas ao apodrecimento da civilização, resultante da tensão criada pela ideia de pecado e as advertências dos códigos morais. No caso de Yerma, a putrefação da sociedade espanhola está representada no matrimônio reduzido à simples aceitação do intercâmbio contratual da sexualidade feminina por alguns direitos de família e nome.



Referencias Bibliográficas

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[1] Partido político espanhol de ideologia fascista, criado durante o Biênio Negro e tinha como líder José Antonio Primo de Rivera, filho do ditador morto (GIBSON, 1992, p. 55).
[2]  Putrefato foi o adjetivo empregado por Lorca para se referir a algumas modas, comportamentos e condutas (CALZADA, 1998, p.55).
[3]  Em A casa de Bernarda Alba, a crítica de Lorca à sociedade será ainda mais forte, porém o dramaturgo morreu antes de poder encenar a peça, como será dito adiante, no capítulo referente à peça.
[4] El Debate, Madri, em 3 de Janeiro de 1935.
[5] Informaciones, Madrid, 31 de dezembro de 1934.
[6] La Nacion, Madrid, 31 de dezembro de 1934.
[7]Yerma, de García Lorca, en el Español”, Tiempo Presente, março de 1935.
[8] Data escrita por Lorca junto a sua assinatura, sendo então considerada a data de finalização da peça.
[9] Supõe-se que Lorca foi morto em 18 de agosto de 1936, segundo documentos da época referente às prisões e fuzilamentos do período da Guerra Civil Espanhola. Porém, como até hoje não foi encontrado o corpo do poeta, não é possível afirmar com plena certeza o que lhe aconteceu, muito menos a exata data de seu falecimento.
[10] Não passando de 150 apresentações, quando o normal era uma média de 500 apresentações, como nos informa Eutímio Martin em “Antologia Comentada”.
[11] “Drama das mulheres em aldeias da Espanha”
[12] Coligação partidária formada entre os partidos republicanos de esquerda, socialistas e comunistas.